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6 de janeiro de 2008

Epifania do Senhor

O sentido da Epifania

O termo grego Epifania, traduzido por manifestação, significa a chegada ou o advento de um rei ou um imperador e a aparição de um deus ou uma intervenção milagrosa. É São Paulo quem consagra o uso cristão da palavra, aplicando-a, a Jesus e ao mistério salvífico revelado:
Essa graça, que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, foi
manifestada agora pela Aparição de nosso Salvador, o Cristo Jesus (2Tm 1,9b-10);
A graça de Deus se manifestou para a salvação de todos os homens.
Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas, e a
viver neste mundo com autodomínio, justiça e piedade, aguardando a
nossa bendita esperança, a manifestação da glória do nosso grande
Deus e Salvador, Cristo Jesus... (Tt 2,11-13);
... aparecerá o ímpio, aquele que o Senhor destruirá com o sopro de sua boca,
e o suprimirá pela manifestação de sua Vinda (2Tt 2,8).

Liturgicamente a Epifania prolonga o tempo do Natal, aprofundando seu Mistério. Enquanto a solenidade de 25 de dezembro celebra a Encarnação do Verbo de 06 de janeiro (no Brasil, no domingo entre os dias 02 e 08 de janeiro) sublinha as manifestações terrenas que testemunham ser Ele o Verbo eterno do Pai. Trata-se de uma Solenidade que tem matriz oriental, ligada à Vinda do Redentor, antes mesmo de Roma instituir a festa do Natal.
Nas missas da noite e da aurora do Natal é repartida a leitura da versão de Lucas (2,1-19) que, embora apresente a dimensão universal do evento (v.14), envolve, em primeiro lugar, os pastores (vv.8-9) e o povo de Israel (vv.10-11). Ao contrário, na Epifania se lê o relato dos Magos (Mt 2,1-12), que apresenta a dimensão judaica do evento (vv.5-6), dilatando-o para o mundo, as raças, os povos, culturas e nações. Constitui-se, assim, uma verdadeira manifestação universal de Jesus, ampla e irrestrita, como bem nos lembram os sermões de Leão Magno:
Na verdade, interessava à salvação de todo o gênero humano que
a infância do Mediador entre Deus e os homens já fosse anunciada
ao mundo quando ainda estava oculta numa humilde cidadezinha...
não quis esconder as primícias de seu nascimento nos estreitos da
habitação materna; mas quis ser logo conhecido por todos, aquele
que se dignara nascer para todos. Eis por que apareceu a três
magos, em terras do Oriente, uma estrela de insólito fulgor...
(Serm. I, 1; trad. de TEIXEIRA DE LIMA, Maria. In: Sermões sobre o
Natal e a Epifania. Petrópolis, 1974, p.75);
Reconheçamos pois, amados filhos, nos magos que adoraram o Cristo as
primícias de nossa vocação e nossa fé e celebremos, de coração exultante,
os inícios de nossa bem-aventurança.
Paula
(BNS)